sábado, 22 de outubro de 2011

O Universo


O UNIVERSO

Parte 1


Tema:
Introdução às questões que resultaram na formação de um novo ramo de Filosofia:
A Cosmologia


“Qual o pensador para quem, na sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma? (...) Só os pensadores secundários que, na verdade, não se podem chamar filósofos, estão contentes com as suas definições.” [Husserl]

Olá pessoal, meu nome é Júlio César e vou estar com vocês para discutirmos e aprendermos sobre Astronomia. Para isto, devo informar que questões que envolvam outras disciplinas poderão acabar por ser englobadas durante este estudo. Para o estudo de Astronomia, matérias como Física, Química, Matemática, História, Filosofia, entre outras serão utilizadas para uma melhor abordagem sobre os temas em questão. À primeira vista, matérias como História e Filosofia podem parecer estranhas quando se tratam de assuntos que envolvem áreas de cálculo, mas aí se encontra um erro, estas duas áreas são muito importantes juntamente com as outras. A História nos relata os acontecimentos ocorridos e, pelo fato de tudo em Astronomia/Cosmologia ter uma duração além de nossa existência e percepção, é útil para nos colocar no contexto exato, nos ambientando desde os fenômenos astronômicos que ocorreram no princípio da existência de tudo até o momento que idéias e compreensões sobre a dinâmica, não apenas celeste mas universal, foram notadas. A Filosofia por sua vez nos oferece subsídios para uma compreensão mais aprofundada de questões cosmológicas, porque todo o procedimento de percepção do universo se deu por meio de questões filosóficas, a partir do mito até o advento do método científico atual.
Para uma compreensão sobre o universo que está a nossa volta muitos tipos de ciência serão tratadas, pois o conhecimento que temos hoje vem de um legado importantíssimo do trabalho de muitas mentes. Durante esse estudo vamos por vezes nos deslocar para outros ramos de conhecimento para que se possa fazer uma assimilação das situações que levaram certos personagens a pensar de determinada forma. Hoje, vamos tratar de forma resumida as questões e condições que levaram o homem primitivo a buscar uma forma de explicar os fenômenos naturais que lhe cercavam; abordaremos as condições que levaram ao pensamento mítico, as novas formas de conhecimento que procuravam explicar, de uma forma diferente do mito, o mundo e o universo e as principais figuras do Mundo Antigo e o primeiro modelo cosmológico/astronômico: o Geocentrismo. Pois bem, vamos começar!

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Desde o Princípio o homem olhou para cima e se questionou sobre a origem de tudo. O impressionante cenário contemplado à noite, sempre causa espanto e admiração a quem quer que o observe. A grandiosidade do universo, a força da Natureza, a suscetibilidade humana diante destas situações, levaram o homem primitivo a respeitar estes fenômenos.
No início, o homem vivia em pequenos grupos com algumas unidades de membros que tinham vidas nômades, dependendo do que encontravam para suprir suas necessidades. Da sua suscetibilidade à Natureza dependia a sua sobrevivência; frio e calor, dia e noite entre outros fatores fazia o homem primitivo sujeito aos acontecimentos naturais, de maneira que olhava para sua incapacidade diante destes fenômenos e acreditava que sua existência dependia da “boa vontade” da Natureza. Naturalmente atribuiu características aos fenômenos naturais e acreditou que fazendo determinados ritos conseguiriam a aprovação desses “deuses”. Surgiu então o mito como sendo a primeira forma do homem primitivo de perceber a realidade, onde eram atribuídos a deuses a criação e a manutenção do mundo conhecido. Essa forma de pensar se firmou tal maneira que não apenas eventos relacionados aos fenômenos naturais eram correlacionado aos deuses, mas também os demais fenômenos, envolvendo, por vezes, o pensamento mítico com a religiosidade e a imaginação. Contudo, o pensamento mítico não deve ser desconsiderado, pois resultou de um esforço do entendimento do homem, constituindo o primeiro passo para se alcançar a razão hoje conhecida, tornando o mito a primeira forma de pensamento racional, embora rudimentar.

Mito - Interpretação primitiva e ingênua do mundo e de sua origem. (Michaelis Dicionário)

O pensamento mítico trata de uma necessidade de compreensão do mundo que nos cerca, não sendo este tipo de pensamento obediente à lógica empírico-científica; trata-se de uma verdade hipotética que não necessita de provas – a simples crença é fator determinante. Quando um mito estabelecido é negado, surge o tabu.
Com a evolução, o homem primitivo abandonou os métodos e práticas antigas relacionadas com atividades nômades, percebendo que podia controlar ou utilizar os fenômenos naturais a seu favor, organizando-se em grupos cada vez maiores e mais complexo no que seria as primeiras civilizações. Na vida em sociedade deparou-se com várias questões que surgiram durante este desenvolvimento que atiçaram sua curiosidade de modo a buscar uma explicação dos acontecimentos vivenciados.
A partir de então, surge, na Grécia, a corrente de pensamento que influenciou o mundo de então. Iniciando com os pré-socráticos, esta nova forma de pensar adquire consistência, pois as discussões filosóficas se acham voltadas para o mundo exterior, principalmente para questões cosmológicas. Personagens notáveis realizaram trabalhos igualmente notáveis que se completavam de modo surpreendente. Neste período houve um grande desenvolvimento da mais importante das ciências: a Matemática.
Entre estes personagens podemos destacar:

·        Eratóstenes - Determinou de forma simples a esfericidade da Terra;
Fig.1 - Eratóstenes

Aristarco de Samos - Teve o mérito de conceber um sistema solar com o centro ocupado pelo Sol e no qual a Terra percorria uma orbita circular, como os outros planetas;
Fig.2 – Aristarco
·        Hiparco – Contribuiu para o desenvolvimento da Trigonometria e, através de sua aplicação, determinou a distancia da Terra à Lua com uma simplicidade fantástica;
 
Fig.3 - Hiparco


ð        Cosmologia

Cosmologia – 1. Parte da Metafísica que se ocupa da essência da matéria e da vida; 2. Estudo do Cosmo, da origem do Universo. (Michaelis Dicionário)

A Cosmologia surge como questão fundamental para a locação do papel do homem no universo. Os gregos, como principais “propulsores” do novo pensamento, se preocuparam avidamente em buscar por um entendimento racional/lógico para os fenômenos astronômicos. Não obstante, as discussões sobre o universo acabaram por retornar onde começaram, na Terra.
A posição que a Terra ocupa foi um dos dogmas estabelecidos, questões como localização, forma e dinâmica surgiram em função da percepção dos sentidos humanos daquilo que ocorre ao seu redor como o movimento aparente do Sol e dos planetas, surgindo então o primeiro modelo cósmico, o Geocentrismo.

 Fig.4 – Modelo Geocêntrico

Ptolomeu, em sua mais importante e famosa obra, intitulada Almagesto, apresenta o modelo geocêntrico, onde o Sol e outras estrelas e os planetas descrevem orbitas circulares ao redor da Terra em um complicado sistema de epiciclos, ou seja, orbitas circulares cujos centros destas orbitas revolvem sobre uma circunferência de um circulo maior. Esta obra unificou boa parte dos conhecimentos astronômicos do Mundo Antigo e subsistiu por 1400 anos, sendo uma dos principais dogmas da igreja católica.
 
Fig.5 – Ptolomeu e Orbitas com epiciclos

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NÃO PERCA:

Nas próximas postagens continuaremos a tratar de questões históricas que envolveram o desenvolvimento da Astronomia. O conflito entre a Igreja Católica e a Ciência, os personagens clássicos que mudaram a concepção de mundo, derrubando dogmas e revolucionado as formas de conhecimento através da introdução do método cientifico. Nicolau Copérnico, Johannes Kepler, Galileu Galilei e Isaac Newton. Aguardem!



 Autor do artigo:
Júlio César de Farias Gonçalo, estudante de Química Tecnológica e Industrial, trabalha com Automação Industrial e ávido por leitura e conhecimento. Gosta muito de  aprender idiomas, estuda Inglês, Alemão, Espanhol e Hebraico, além de ser viciado em livros e jogos de vídeo game.

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